Dados dos convidados


1. Prof. Dr. Alcides Villaça (USP)
Graduação (bacharelado e licenciatura) em Letras pela Universidade de São Paulo (1971). Fez mestrado (1976) e doutorado (1984) em Literatura Brasileira, orientado pelo Prof. Dr. Alfredo Bosi, nessa mesma universidade. Aprovado em concurso de Livre-docência (1999), é, desde 2003, Professor Titular de Literatura Brasileira na FFLCH-USP. Tem longa experiência na área de Letras, com ênfase em Poesia Moderna. Vem se dedicando principalmente aos seguintes temas: lírica e sociedade; poéticas de Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira e Ferreira Gullar ; tendências poéticas contemporâneas. Nos últimos anos tem estudado a produção contística de Machado de Assis. Vem ministrando com regularidade cursos de graduação e pós-graduação na USP e exercendo suas funções como orientador na área de Literatura Brasileira.

Título da conferência: “Drummond: a consciência poética e o mito recusado”
 
Resumo: Apoiando-se na tradição clássica do mito do conhecimento absoluto, presente sob a forma de uma “máquina do mundo” no canto X de Os Lusíadas, Drummond reencena-o figurando-se como caminhante a um tempo altivo e derrotado numa estrada de Minas, na boca da noite. O vigor do poema está no sentido da recusa de ofertas da “máquina” pelo sujeito lúcido, que segue seu caminho. Nesta conferência, pretende-se discutir a apropriação drummondiana da tradição e o posicionamento do sujeito lírico em relação a ela.


2. Prof. Dr. Álvaro Hattnher (UNESP/SJRP)
Possui graduação em Bacharelado Em Letras Com Habilitação de Tradutor pela Faculdade Ibero Americana de Letras e Ciências Humanas (1982), graduação em Licenciatura Em Letras Inglês Português pela Faculdade Ibero Americana de Letras e Ciências Humanas (1982), mestrado em Estudos Literários pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1991) e doutorado em Letras (Estudos Comparados de Literatura de Língua Portuguesa) pela Universidade de São Paulo (1998). Pós-Doutorado em Estudos Culturais na SUNY at Buffalo (2000-2001) e sobre Teorias da Adaptação na University of Delaware (2011-2012). Atualmente é professor assistente-doutor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Estudos Culturais, atuando principalmente nos seguintes temas: teorias da adaptação, tradução, estudos culturais, cultura norte-americana, literatura norte-americana, literatura afro-americana, cultura afro-americana.

Título da apresentação para mesa-redonda: Adaptações Pós-Literárias: os novos olhares das teorias da adaptação
Resumo: A inversão do vetor tradicional em adaptação (literatura --->cinema) tem representado uma ampliação e transformação no próprio conceito de adaptação. Entre outros aspectos, essa transformação compreende uma maior inclusão de textos não-canônicos e suas diversas arquiteturas textuais, levando a uma maior abertura para orientar nossas análises e discussões. A multiplicidade de possibilidades narrativas em tantas arquiteturas textuais diferentes corresponde a uma fome de narrativas quase insaciável, parcialmente amenizada por cada uma das novas possibilidades de contar e recontar, mostrar e mostrar mais uma vez, e de participar das narrativas, como leitores, espectadores ou como avatares em jogos de computador, gerando a possibilidade quase infinita de novos percursos narrativos.



3. Profa. Dra. Ana Lúcia Trevisan (UPM)
Possui graduação em FFLCH - Curso : Letras Português/ Espanhol pela Universidade de São Paulo (1988), mestrado em Letras (Língua Espanhola e Literatura Espanhola e Hispano-Americana) pela Universidade de São Paulo (1994) e doutorado em Letras (Língua Espanhola e Literatura Espanhola e Hispano-Americana) pela Universidade de São Paulo (2002). Atualmente é professor do Programa de Pós-Graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira e Hispano-americana, atuando principalmente nos seguintes temas: literatura comparada, narrativa latino-americana contemporânea, fronteiras e identidades culturais, relações dialógicas do discurso histórico e do discurso literário e os limites do fantástico e do mitologismo.

Título da apresentação para mesa-redonda: A construção ficcional e o discurso histórico: mediações críticas de Carlos Fuentes
Resumo: O presente trabalho estuda o processo narrativo desenvolvido pelo escritor mexicano Carlos Fuentes no romance Terra Nostra (1975), para identificar os mecanismos de construção crítica da História nele utilizados. A composição da História, elaborada pelo autor por meio de uma estrutura narrativa fragmentada, pressupõe disposição de um leitor-construtor, disposto a percorrer os caminhos do romance que revela, oculta e fragmenta sua própria trama em um movimento de corsi e recorsi pelos tempos fundacionais da cultura ibero-americana. Os desafios estéticos propostos pelo romance permitem, também, a reflexão crítica sobre as identidades plurais presentes no continente hispano-americano.



4. Profa. Dra. Débora Ferri (IF-SP/ UFSCar – pós-doc)
Possui graduação em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho(1998), mestrado em Estudos Literários pela Universidade Estadual Paulista(2002), doutorado em Estudos Literários pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho(2007) e pós-doutorado, com bolsa PNPD-CAPES, pela Universidade Federal de São Carlos(2015). Tem experiência na área de Letras. Atuando principalmente nos seguintes temas: Fantástico, intermidialidade, arquétipos, focalização, gêneros literários e subjetividade

Título do minicurso: Tradução intersemiótica e intermidialidade na literatura fantástica
Resumo: Este minicurso propõe uma discussão que segue duas direções: a primeira é a respeito do que se caracteriza como gênero fantástico canônico, em oposição a suas outras vertentes: o conto maravilhoso, o terror, a fantasia, o realismo mágico, entre outros. A ideia é estabelecer que elementos de sua composição fazem com que um texto seja considerado representante deste gênero, estabelecendo um diálogo entre os mais importantes estudiosos, tais como Todorov, Jacques Finné, Irène Bessière, William Spindler, Louis Vax, José Paulo Paes, etc. Já a segunda refere-se aos estudos de transposição da literatura para o cinema, enfocando a tradução intersemiótica, conforme a concebe Julio Plaza, e a vertente mais atual da intermidialidade, com base nas proposições de Irina Rajewski e Guadreault e Marion. Ao longo das discussões, serão apresentadas obras da narrativa fantástica que foram transpostas para o cinema, servindo como ilustração dos conceitos desenvolvidos.



5. Prof. Dr. Émerson Inácio (USP)
Possui graduação em Letras pela Universidade Federal Fluminense (1996), mestrado em Letras pela Universidade Federal Fluminense (2000) e doutorado em Letras (Letras Vernáculas / Literatura Portuguesa) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2006), tendo sido orientado pelo Prof. Dr. Jorge Fernandes da Silveira. Desde 2006 é Professor Doutor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e antes disso ministrava aulas de Literatura e Língua Portuguesa no Colégio Pedro II do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Comparada, atuando principalmente nos seguintes temas: Poesia do século xx, Literatura Afrodescendente, Estudos Culturais, Teoria Queer e Estudos Gays e Lésbicas, focalizando a tensão e a convergência desses com a crítica literária, o corpo, a subjetividade, a cultura e a formação dos cânones literários.

Título da apresentação para mesa-redonda: O corpo e a sua escrita
Resumo: A emergência das vanguardas literárias e a decorrente prática artística que propuseram não garantiu a normalização de conteúdos como o corpo, o gênero e a diversidade sexual, no âmbito literário de movimentos como Orpheu e a Semana de Arte Moderna, que acabaram por conformar literariamente os juízos morais e estéticos que tanto combateram. Ao par disso, ausente esteve ainda uma textualidade que desafiasse os gêneros literários na sua compartimentalização. Somente a revisão estética dos valores modernistas, ocorrida em Portugal e no Brasil no correr dos anos de 1960, propiciará, em ambos os contextos, o surgimento de
discursos literários que abrangessem os temas-tabu acima referidos, consonante às demandas políticas em ambos os países. Esses “avanços”, materializados na produção literária pós-modernista ensejaram uma escritura que, ao romper com os limites da forma, apontam para a tentativa de traduzir a corporeidade no e pelo universo do texto, localizando o corpo nos discursos estéticos da modernidade tardia.



6. Profa. Dra. Graciela Foglia (UNIFESP)
É mestre (1998) e doutora (2005) em Letras (Língua Espanhola e Literatura Espanhola e Hispano-Americana) pela Universidade de São Paulo. Atualmente desenvolve pesquisa de Pós-Doutorado na Faculdade de Letras da FFLCH (USP). Foi professora assistente doutor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC, 1999-2006), professora adjunta da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, 2006-2009); e atualmente é professora da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literaturas Estrangeiras Modernas. Atua principalmente nos seguintes temas: Literatura de Testemunho, Literatura e violência ditatorial, Literatura e cinema.

Título da apresentação para mesa-redonda: Revolução Cubana e escritores-militantes: crise do romance e “ascensão” do testemunho
Resumo: Na Argentina, a lista dos escritores mortos desaparecidos ou exilados durante a última ditadura cívico-militar (1976-1983) é grande. Esses intelectuais tiveram várias coisas em comum, mas no aspecto político, a grande aglutinante foi a Revolução Cubana. O sonho de um mundo melhor, mais justo e mais solidário uniu aos intelectuais. Como diz Gilman, eles eram os "porta-vozes de uma urgência de transformação social". Nesse contexto, um outro aspecto em comum é que a maioria acreditava que o romance, enquanto gênero, estava em crise; que em um tempo de revolução, ele não conseguia acompanhar os acontecimentos. Nesta apresentação serão comentadas algumas obras produzidas por esses intelectuais.



7. Prof. Dr. Ivan Marcos Ribeiro (UFU)
Possui Graduação em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Unesp - Campus de Assis (1998), Mestrado em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Unesp - Campus de Assis (2001) e Doutorado em Teoria da Literatura e Literatura Comparada pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Unesp - Campus de São José do Rio Preto (2004). Atualmente é professor efetivo da Universidade Federal de Uberlândia - UFU. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literaturas de Língua Inglesa, atuando principalmente nos seguintes temas: Literatura Comparada, Teoria da Literatura, Língua inglesa e Literaturas de língua inglesa, Crítica Literária e Periódicos, Literatura e outras artes. É professor permanente do quadro docente do Programa de Pós-graduação em Letras - Mestrado em Teoria Literária do Instituto de Letras e Linguística, onde ministra disciplinas de Literatura Comparada e Estética Comparada - Estudos Interartes/Intermídia, e orienta trabalhos nessas áreas.

Título da apresentação para mesa-redonda: “Relações entre literatura e pintura na obra “O Grito” de Edvard Munch
Resumo: Este trabalho propõe como ponto de partida uma abordagem interartística do quadro O Grito, do pintor norueguês Edvard Munch (1863-1944), e um poema homônimo escrito pelo próprio autor. Originado em seu diário, no qual o autor relata o modo como se inspirou na criação do quadro: a caminhada com dois amigos (estabelecimento das personagens), o pôr do sol (ambientação) e sua coloração repentinamente transformada (enredo), juntamente com a descrição da paisagem e das sensações provocadas pela ambientação sufocante na imagem, somadas à angústia do artista e seu sofrimento estendido também à própria natureza. Assim, da imagem mental à imagem de O Grito, nota-se que o poeta tenta elaborar uma transposição que seja no mínimo fidedigna à sua criatividade interna, aliada aos seus traços característicos os quais, inclusive, irão permear outras obras de Munch, tais como Anxiety (1894), Melancholy (1896), e The Dance of Life (1899): a ondulação dos traços, as cores soturnas, e os temas a indicar uma sensação de melancolia, desespero e insatisfação com a vida, a qual se aprofunda na própria causalidade. Quanto ao texto do poema adaptado a partir do diário de Munch, foi escrito na moldura de uma das quatro versões para O Grito (1893), e parece trazer interessantes considerações sobre a sociedade da época de Munch, bem como o desejo do poeta em retratar a melancolia e mesmo o processo de composição de seu quadro, desde o uso das cores até os elementos metafóricos pintados na tela. No caso de Munch, aparentemente o poema pode ter sido concebido como um artefato explicativo à pintura, objeto maior do pintor norueguês; no entanto ele nos traz características relativas à pintura, mas também parece revelar elementos romântico-realistas, uma vez que sua pujança é altamente perceptível. Mesmo sendo produzido no fim do século XIX, com fortes características simbolistas, o quadro possui muitas referências a um romantismo tardio, em que o símbolo se evidencia com forte expressão. Não se tem a evidente impressão de que Munch tenha sido um poeta por excelência, porém sua criatividade e relação descritiva com o quadro e o poema são altamente evidentes e quiçá relevantes para os estudos que privilegiam as relações entre literatura e pintura.



8. Prof. Dr. Jefferson Cano (UNICAMP)
Doutor em História pela Universidade Estadual de Campinas e professor do Departamento de Teoria Literária da mesma universidade. Tem experiência na área de História, com ênfase em História da Literatura Brasileira, atuando principalmente nos seguintes temas: romantismo, política e cultura, literatura e imprensa, escravidão e abolição.

Título do minicurso: O império da ficção: história, poder e representação no Brasil do século XIX
Resumo: Nesta oficina propõe-se uma leitura da ficção brasileira do século XIX como uma representação da sociedade imperial na estruturação de suas relações de poder e em seu devir histórico. A partir da reconstituição dos debates políticos do período, é possível investigar como, no processo de construção do Estado imperial, as liberdades políticas e civis foram se definindo e se conformando em relação ao problema colocado pela existência da escravidão. Busca-se, então, compreender como, nessa relação, foram se constituindo as identidades políticas que polarizaram a vida pública do Império.

9. Prof. Dr. Mario Lugarinho (USP)
Professor Associado da Universidade de São Paulo na área de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa. É bolsista de produtividade em pesquisa (nível 2) do CNPq, recebendo sucessivos apoios desde 2001. Possui graduação em Letras (1988) e especialização em Teoria Literária (1989) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, mestrado (1993) e doutorado (1997) em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Fez estágio de pós-doutoramento na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (2002-2003) e no Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa (2012-2013). Prestou concurso de Livre-docência, para a área de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (2012). Foi Professor Associado do Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense, tendo atuado nas áreas de Literatura Portuguesa e Literaturas Africanas de Língua Portuguesa (1994-2007). Com outros pesquisadores, fundou em junho de 2001 a Associação Brasileira de Estudos da Homocultura (ABEH). Publicou três livros (Portugal, Brasil), vários artigos em revistas especializadas e capítulos de livros, no Brasil e no Exterior. Possui experiência na área de Letras, com ênfase em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa e Literatura Portuguesa, principalmente nos seguintes temas: Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, Estudos Pós-coloniais, Estudos Culturais e Estudos Queer.



Título da apresentação para a mesa-redonda: Os estudos pós-coloniais e os estudos literários: algumas perspectivas
Resumo: Leitura de textos das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, especialmente da Literatura Angolana, que configurando paradigmas identitários baseados no gênero, configuram o paradigma da identidade nacional. Confronto e ressignificação do espaço angolano e da ordem de gênero colonial evidenciada pela Literatura Colonial portuguesa do século XX. As identidades gênero e as Literaturas Africanas de Língua Portuguesa. Para além da dialética do colonizador/colonizado e do dominador/dominado: o homem novo, a masculinidade hegemônica e a (re)configuração da ordem de gênero. O homem novo e a emergência do discurso do feminino. O soldado, o guerrilheiro, o burguês e o marginal: configurações da masculinidade e da identidade nacional. A nação e o estado pós-colonial e as identidades de gênero.



10. Prof. Dr. Orlando Nunes de Amorim
Possui Licenciatura em Letras (português - francês) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, campus de Araraquara (1990), mestrado em Letras (Literatura Portuguesa) (1996) e doutorado em Letras (Literatura Portuguesa) (2002), ambos pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professor assistente doutor do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, campus de São José do Rio Preto (SP). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Portuguesa (graduação) e Literaturas de expressão em língua portuguesa e Teoria literária (pós-graduação), atuando principalmente nos seguintes temas: literatura portuguesa (poesia, narrativa e teatro), literatura e história, crítica literária, Walter Benjamin.


Título do minicurso: Eros e poesia nas literaturas portuguesa e brasileira
Resumo: A poesia erótica e a poesia pornográfica têm sido cultivadas pelos mais diferentes poetas do Ocidente, desde, pelo menos, a Roma antiga, e compreende um repertório imenso de poemas. No caso da língua portuguesa, a “linguagem proibida” (obscena, erótica e pornográfica, também chamada fescenina) impregna a poesia desde os cancioneiros medievais até os nossos dias. No entanto, é uma poesia, como bem lembra José Paulo Paes, “cujo estudo e divulgação têm sido obstados com tanta frequência pelo filisteísmo dos guardiães, ostensivos ou disfarçados, da moralidade oficial”. Contrastando com a longevidade dessa prática poética, a noção conceitual de poesia erótica e pornográfica é relativamente recente e põe em evidência valores quer especificamente poéticos, quer sociais e morais. Como, etimologicamente, o erotismo está vinculado ao amor (éros é o substantivo grego que designa indistintamente amor e desejo sexual), a poesia erótica confina com o gigantesco território da poesia amorosa, e a fronteira entre elas é fluida e de difícil conformação. Para os limites deste minicurso, pode-se estabelecer que o que distingue, em essência, a poesia amorosa da poesia erótica é o peso maior que nesta desempenha a carnalidade do amor, seja na expressão do desejo sexual, seja na representação do ato amoroso em si. Isso quer dizer que a distinção se baseia no aspecto temático do poema (já que a poesia erótica faz um uso erotizado de um vocabulário não especificamente erótico), e está, por isso, mais sujeita aos valores morais de cada época. Por outro lado, a distinção entre poesia erótica e poesia pornográfica está basicamente calcada no emprego, por esta última, de um vocabulário rigoroso e adequado à comunicação do ato amoroso e da sua fenomenologia. Questões como as expostas acima serão abordadas neste minicurso, a partir de uma seleção de poemas majoritariamente de língua portuguesa, considerados eróticos ou pornográficos.



11.Profa. Dra. Patrícia Nakagome (PNPD-UFSCar)
É mestre e doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo. É bacharel e licenciada em Letras-Português pela mesma universidade. Na graduação e no doutorado, realizou período sanduíche na Freie Universität Berlin. Possui experiência no ensino de literatura e língua portuguesa. Atuou como professora universitária em instituições públicas da Nicarágua e Timor-Leste. Foi também professora substituta na Universidade Federal de Uberlândia (UFU).Atualmente realiza pesquisa de pós-doutorado com bolsa CAPES na UFSCar sobre a recepção de Jorge Amado no Brasil e nos países africanos de língua portuguesa. Na mesma instituição, ministra uma disciplina na Pós-graduação. Tem como principais áreas de interesse: literatura brasileira, literatura comparada, teoria literária e leitura.

Título do minicurso: Literatura, memória e política: Graciliano Ramos e Jorge Amado
Resumo da apresentação: Graciliano Ramos e Jorge Amado podem ser aproximados tanto em alguns aspectos literários quanto em questões políticas: os dois são nomes fundamentais para a consolidação do romance de 30, encontrando novas formas para retratar personagens anteriormente excluídos da literatura, e ambos foram presos e se filiaram em momentos distintos ao PCB. Experiências comuns produziram, no entanto, resultados literários bastante distintos na obra ficcional e memorialista. Neste minicurso, discutiremos a articulação entre política e memória nos títulos de cunho autobiográfico. Veremos como a rememoração revela diferenças éticas e estéticas no projeto autoral desses escritores centrais para a consolidação do romance social brasileiro.


12. Profa. Dra. Regina Dalcastagné (UNB)
É professora titular da Universidade de Brasília e bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Coordena o Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea e edita a revista Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea. Trabalha principalmente nos seguintes temas: narrativa brasileira contemporânea, literatura e sociedade, representação literária e literatura e artes plásticas.

Título da palestra: O lugar da crítica literária hoje
Resumo: A proposta é discutir o lugar ocupado pela crítica literária hoje no Brasil a partir da investigação de artigos publicados em periódicos reconhecidos e representativos da área nos últimos 15 anos. Com um extenso mapeamento já finalizado, pretende-se analisar, inicialmente, como a literatura brasileira contemporânea é trabalhada nessas revistas, o que garante um conhecimento mais profundo tanto sobre a crítica no meio universitário quanto sobre os mecanismos de legitimação do campo literário brasileiro. Os dados nos permitem, ainda, identificar quais as correntes mais presentes, os autores de referência, as obras mais citadas. Entendendo que os estudiosos de literatura no Brasil não formam um corpo monolítico, mas possuem uma razoável pluralidade interna, proponho não apenas uma comparação diacrônica, mas também a análise de elementos que possibilitem comparações sincrônicas, segundo critérios de geração, região, instituição de origem e gênero, entre outros.



13. Prof. Dr. Ricardo Barberena
Possui Graduação em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2000), Doutorado em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2005) e Pós-Doutorado (2009), intitulado; Paisagens limiares na contemporaneidade brasileira: representações da identidade no Cinema e na Literatura, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras (PUCRS). Coordena o Grupo de Pesquisa; Limiares Comparatistas e Diásporas Disciplinares: Estudo de Paisagens Identitárias na Contemporaneidade;. Atuação docente na área de Letras (Teoria Literária), com ênfase em Literatura Brasileira, atuando principalmente nos seguintes temas: identidade, diferença, literatura, nação, identidade, cinema, literatura e cultura. Coordenador Executivo do Espaço de Memória e Documentação Cultural/ DELFOS da PUCRS.

Título da conferência: Entre traumas e tramas: o lugar da literatura em tempos coléricos.
Resumo: Frente à incomunicabilidade contemporânea, parece impossível que não ocorra um questionamento referente ao conceito de fronteira. Dentro de uma releitura crítica, tal conceito não é mais associado unicamente à demarcação dos limites coesos da nação moderna, mas também é repensado como uma liminaridade interna contenciosa que promove um lugar do qual se fala sobre a minoria, o exilado, o marginal e o emergente. Nesse sentido, percebemos uma mudança no enfoque analítico: o conceito de fronteira, antes apenas concebido em relação a um espaço “exterior”, agora apresenta-se ligado à finitude interior do território nacional. Em consequência, podemos começar a pensar uma nação que se organiza através das diferenças existentes dentro do seu interior, em visível oposição ao funcionamento daquela antiga lógica da exterioridade que se sustentava pela busca dos contrastes entre duas ou mais culturas. Dito de outra forma, esta releitura crítica do conceito de fronteira procura desconstruir aquele signo da modernidade – a nação – que se encontrava pautado por um apagamento das diferenças culturais e por uma visão horizontal da sociedade. Daí a problematização, justamente, de um discurso nacional que se estrutura pela denominação de um povo em termos de um anonimato de indivíduos circunscritos à horizontalidade espacial de uma comunidade [supostamente] hegemônica. Visto deste ângulo, a fronteira representa um lugar onde se articulam as diferenças culturais numa perspectiva de negação da naturalização da normalidade e da unicidade: um espaço não linear e descontínuo, que não coincide com a geografia

 

14. Prof. Ma. Larissa da Silva Lisboa Souza
Formada em Letras (UNICAMP), especialista em Educação para as Relações Étnico-Raciais (NEAB/UFSCar), mestre em Estudos de Literatura (PPGLit/UFSCAR), é doutoranda na Universidade de São Paulo (USP) pelo departamento de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa (DLCV/USP).
 
Título: Escritas de autoria feminina em Angola - A poesia como lugar do corpo.
Resumo: O minicurso tem como objetivo discutir as escritas de autoria feminina em Angola na observação de dois percursos históricos, o período colonial e o pós-independência. Logo, as produções poéticas de algumas escritoras que fazem parte do cânone, como Alda Lara e Paula Tavares, mais também de outras mulheres que, infelizmente, estão esquecidas pela crítica, como Deolinda Rodrigues e Ana Branco, serão analisadas a partir da temática do corpo feminino.